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Larissa Oliveira
Sergipana e professora bilíngue, admira os mais diversos tipos de arte e já teve seu momento Twin Peaks, além de epifania ao ler o romance que dá nome a este blog, A Redoma de Vidro de Sylvia Plath. Este Blog nasceu em 2014 e é dedicado a críticas de filmes, livros, séries e música, sendo que as dos três primeiros contêm spoilers. Boa leitura!

Crítica: Frances Ha (2013)


Representando uma comédia de erros, Frances Ha é um filme bem sucedido dirigido por  Noah Baumbach, que retrata a vida da desajeitada Frances (Greta Gerwig) na crise dos seus 20 e tantos anos. Morando com sua melhor amiga Sophie em Nova Iorque,  as duas mantêm uma amizade tão próxima que Frances brinca ao dizer que são um casal lésbico que não transa mais. Frances é uma mulher espontânea com atitudes de adolescente e uma grande ambição. Sua confusão pessoal a torna dependente de seus amigos e quando Sophie decide morar com seu namorado, encontra-se ainda mais perdida. 
Sem emprego fixo, ela se muda para o apartamento de amigos em Chinatown. Frances é definida por um deles como  inamorável. Ao finalmente ir a um encontro, propõe-se a pagar a conta e até se desculpa das suas atrapalhadas como se estivesse querendo se justificar sobre sua vida até então.
'' Eu não sou uma pessoa real ainda '"
Dançarina, a protagonista quer muito ser contratada por uma agência, mas acaba dançando, ou melhor tropeçando mais vezes  nas decisões de sua vida. Ao sair pelas ruas saltitante ao som de ''Modern Love '' do David Bowie, vemos o seu belo sorriso; é alguém que apesar de todos encontros e desencontros da fase adulta, está tentando acertar o ritmo em meio a esta canção  que é a vida.
 E como em toda coreografia , há aqueles momentos em que não acertamos o timing e ficamos mais adiantados ou mais atrasados do que os outros. Frances estava sempre a um passo atrás. Como da vez em que faz uma viagem precipitada para Paris , notando que isso não  a acrescentou nada e só quando está no táxi de volta à Nova Iorque, recebe uma ligação de um grupo de amigos  falando que estariam ansiosos para recebê-la lá.





Ao jantar com seu grupo de amigos bem sucedidos, Frances tenta humilhar (de maneira cômica) Sophie ,pois não aceitava o seu próprio fracasso. Querendo transparecer ter uma vida próspera, mal sabia ela que em seguida teria que aceitar um trabalho voluntário em uma faculdade para se sustentar temporariamente. 
Sua vida parece que vai se ajustar enfim quando faz as pazes com Sophie e trabalha como garçonete. Mas ao encontrá-la, Frances deixa transparecer mais uma vez que estava tudo em ordem e até que tinha conseguindo seu emprego como dançarina.
A insegurança presente na personagem observada nessas cenas faz o espectador torcer para que ela finalmente  encontre seu caminho. O autor tenta apresentar esse mesmo aspecto na parceria anterior com  Greta, Lola Versu, que também é um filme sobre uma garota na crise dos 20 e tantos tentando se encaixar no mundo. É como se Greta também estivesse interpretando Frances, mas sem a mesma profundidade e encantamento que transmite nesta última colaboração. Finalmente, a personagem parece ter encontrado seu lugar; não da forma que tanto sonhara, mas com os passos que foram possíveis de serem executados . Ela consegue trabalhar na almejada agência, mas como coreógrafa .
 Ao se mudar para seu novo apartamento, descobrimos que na verdade seu nome é  Frances Halladay ao colocá-lo na caixa de correspondência. A mensagem que fica é que o nome completo simbolizasse a sensação de se sentir completamente encaixada num espaço próprio. O longa de Baumbach traz uma forte identificação a tantas pessoas que arriscam seus caminhos sozinhos e vão adaptando sonhos e dando vários tropeços até se encontrar, mesmo que temporariamente, e depois perder-se. 






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